domingo, 20 de agosto de 2017

Rumo à Surdez: Discografias Comentadas - Queens of The Stone Age (Parte 1)



Olá, pessoal.

Tenho três bandas que considero minhas favoritas, uma é a britânica Arctic Monkeys, da qual a discografia foi uma das minhas primeiras postagens. Um pouco depois escrevi sobre Foo Fighters, e na época disse ser minha banda favorita, mas atualmente mudei de ideia para outra banda que também já gostava, mas que após pensar muito sobre o assunto, cheguei a conclusão que é a definitiva, essa banda é Queens of The Stone Age.

Aproveitando o lançamento do novo álbum Villains, que acontecerá dia 25 deste mês, decidi escrever sobre a discografia da banda e terminar com a resenha do novo disco.

Vinda de Palm Desert na Califórnia, Queens of The Stone Age foi fundada por Josh Homme, que até então tinha sido o guitarrista das bandas Kyuss e Screaming Trees, em paralelo ao projeto The Desert Sessions, que pegava vários artistas para gravar músicas experimentais.

A banda Kyuss já tinha certo reconhecimento, com riffs pesados e de clima setentista, em um gênero que ficou conhecido como Stoner Rock/Desert Rock, com músicas que refletem bem o cenário em que foram gravadas.




O Queens of The Stone Age (que eu chamarei de QoTSA daqui em diante para não escrever o nome todo) seria como uma sucessora espiritual do Kyuss, só que tentando pegar um público maior, o que acabou dando bem certo.

 Foi lançado um EP em 1997 chamado Kyuss/Queens of The Stone Age que é uma mistura das duas bandas, o EP tem seis faixas, as três primeiras são do Kyuss, e as três últimas são do QoTSA, uma delas é  "If Only Everything", que foi regravada no primeiro álbum da banda posteriormente.


Então em 22 de setembro de 1998, o álbum homônimo foi lançado, com Josh Homme na guitarra, baixo e vocal e Alfredo Hernández na bateria, com várias participações especiais.

Queens of The Stone Age (1998)
Duração: 46:27


Regular John abre o disco mostrando exatamente o tipo de som que ouviremos pelo resto da duração, é uma ótima introdução ao estilo da banda.


Segue com Avon, que tem um riff bem reminiscente do Kyuss e a regravação de If Only, dessa vez com uma produção bem melhor e rebuscada.


You Would Know é uma viagem de ácido com um som robótico e mecânico, How to Handle a Rope tem um ótimo riff que é o mais divertido do disco, apesar da letra ser um tanto sombria (se trata de suicídio).


Mexicola e Hispanic Impressions são bem pesadas e mantém o ritmo de How to Handle a Rope, e então finalmente chegamos a minha favorita do álbum, You Can't Quit Me, Baby é espetacular, com um dos riffs de baixo mais estilosos que já ouvi, um som psicodélico pelo restante da faixa e novamente uma letra sombria, com um trecho que eu costumo repetir em loop (You're solid gold, I see you in hell) toda vez que toca.


Como se o baixo da música anterior já não fosse bom o suficiente, começa Give The Mule What He Wants com outro riff memorável.


O álbum termina com I Was a Teenage Hand Model, que é a única música que está um pouco abaixo do resto, a faixa é mais lenta e nunca cresce, não é um bom desfecho para o álbum, se encaixaria melhor na metade, talvez entre Mexicola e Hispanic Impressions.

Faixas:
1- Regular John
2- Avon
3- If Only
4- Walkin' on the Sidewalks
5- You Would Know
6- How to Handle a Rope
7 - Mexicola
8- Hispanic Impressions
9- You Can't Quit Me, Baby
10- Give the Mule what He Wants
11- I Was a Teenage Hand Model

Queens of The Stone Age é um debut exemplar, que honra o som pesado do Kyuss e apresenta os ritmos da nova banda, é uma ótima transição de estilos, mas ainda não parece ser algo próprio, isso é algo que seria aperfeiçoado no próximo álbum da banda.

Agora algumas músicas que ficaram fora do álbum e merecem uma ouvida:

Spiders and Vinegaroons



Uma ótima e atmosférica faixa instrumental, originalmente do EP Kyuss/Queens of The Stone Age que foi colocada no relançamento de 2011 do álbum.

The Bronze



These Aren't the Droids You're Looking For



Outra instrumental, deliberadamente fora de tom e um tanto irritante, vale pela menção do título, que é uma referência a Star Wars, "esses não são os dróides que você procura".



Rated R (2000)
Duração: 42:10



O primeiro disco não foi exatamente um sucesso, pois a grande maioria de quem comprou já era fã de outros trabalhos passados de Homme, foi com Rated R, lançado em 6 de junho de 2000, que a banda fez um sucesso considerável, dessa vez chamando a atenção do grande público e se tornando uma das maiores promessas do rock moderno.

O baixista do Kyuss Nick Olivieri começou a tocar na banda durante a turnê do primeiro disco, e se tornou o baixista da banda nesse álbum, Mark Lanegan do Screaming Trees também participou nos vocais, Rated R contém várias participações especiais, apenas Olivieri e Homme estão em todas as faixas.

Feel Good Hit of the Summer começa o álbum de forma energética, a letra é bem polêmica, simplesmente sendo uma lista de drogas repetida várias vezes (nicotina, valium, vicodine, marijuana ecstasy, álcool e cocaína), apesar que Homme disse ser apenas uma piada, e originalmente seria a última faixa,  Rob Halford do Judas Priest faz parte dos backing vocals, mas apenas no último verso (tanto que eu nunca notei que era ele até pesquisar informações para essa postagem).

Pessoalmente eu acho que Feel Good Hit of The Summer é um comentário sobre como todas as músicas populares são feitas (à base de muitas drogas), o próprio titulo faz uma brincadeira com essa ideia, sendo o "hit do verão", além disso também é uma brincadeira ao gênero Stoner Rock, (Stoner é uma gíria para drogado) do qual a banda foi rotulada, Homme sempre disse achar esse nome idiota, e intitulou o estilo da banda como "Robot Rock".

Muitas rádios recusaram tocar a música por conta do conteúdo sobre drogas, mas ainda foi um sucesso considerável, muita por conta dessa polêmica mesmo.


Apesar de toda a discussão de Hit of the Summer, o verdadeiro grande hit do álbum foi a segunda faixa The Lost Art of Keeping a Secret, eu gosto muito do começo com aquele som de clima de mistério, o refrão é bem legal também, é uma bom pedaço de pop rock, mas não é minha favorita do disco nem de longe.

O clipe passou bastante em canais de música na época, e foi um dos primeiros singles famosos da banda.


Leg of Lamb tem um som bem interessante e diferente das duas primeiras faixas, sendo mais estranha e experimental, Auto Pilot é ótima e conta com os vocais de Nick Olivieri, o baixista geralmente canta nas faixas mais agressivas, então é surpreendente ouvi-lo numa mais leve, e funciona muito bem.




Better Living Through Chemistry é uma ótima peça experimental e conta com algum dos melhores solos de guitarra da história da banda, novamente tocando no assunto de narcóticos que permeia todo o álbum, dessa vez muito mais séria que Hit of the Summer, falando sobre os efeitos negativos.



Monsters in The Parasol volta ao estilo mais pop, e apesar de ter o melhor clipe entre os vídeos lançados, é minha menos favorita do álbum, não é nem de longe uma música ruim, mas ela nunca me pegou do mesmo jeito que as outras, o clipe tem bastante humor negro, algo que viraria padrão nos vídeos da banda.


Quick and to the Pointless volta com Nick Olivieri, dessa vez com vocais agressivos e um som bem punk, Wendy Rae Fowler da banda We Fell to Earth participa nos backing vocals, é uma faixa bem rápida, não passa nem de 2 minutos e serve mais como um intervalo, até me pergunto se o título não é uma brincadeira com isso (a tradução é rápido e para o inútil).

In the Fade é minha favorita do disco, tem um dos melhores trabalhos vocais que já ouvi, com a voz forte de Mark Lanegan em uma faixa bem triste, todos os instrumentos estão perfeitos aqui (principalmente o baixo), o refrão é incrível.

 
"Live till you die..."

Feel good hit of the summer toca novamente em reprise por uns 20 segundos, e Tension Head continua com a agressividade de Olivieri nos vocais e um ótimo trabalho de guitarra de Homme, Lighting Song é uma bela peça instrumental de violão.

Terminando o álbum temos I Think I Lost My Headache, que é uma representação do que acontece após usar todas as drogas da primeira faixa, é uma faixa bem sombria e um pouco assustadora, com um final feito para dar a dor de cabeça citada no título, é uma ótima conclusão para o disco no geral.



"It's all my head, i know
or so they tell me so
Until my head explodes, into my head it goes..."

Rated R foi um álbum revolucionário não somente para a banda, mas para todo cenário do rock dos anos 2000, é considerado por muitos críticos um dos melhores discos da década (o melhor para alguns), e catapultou o sucesso da banda de uma vez só, tanto que foram chamados para o Rock in Rio 2001 logo depois, tamanho o sucesso que tinham feito com Rated R, e que causou um dos casos mais engraçados e bizarros na história do Rock in Rio, quando Nick Olivieri tocou nu durante o show.

Faixas:

1. Feel Good Hit of The Summer
2. The Lost Art of Keeping a Secret
3. Leg of Lamb
4. Auto Pilot
5. Better Living Through Chemistry
6. Monster in The Parasol
7. Quick and To The Pointless
8. In The Fade
9. Feel Good Hit of The Summer (Reprise)
10. Tension Head
11. Lightning Song
12. I Think I Lost My Headache

Agora algumas músicas que ficaram fora do álbum e merecem uma ouvida:

Never Say Never




Um ótimo cover de Romeo Void, com uma repaginada mais rock n' roll.

Ode to Clarissa



Uma faixa bem divertida de Nick Olivieri.


Infinity




Uma das melhores da banda, feita para a trilha sonora do terrível filme Heavy Metal 2000.

Para não deixar essa postagem grande demais e carregada de vídeos, continuarei em mais duas partes, no próximo falarei sobre Songs for The Deaf e Lullabies to Paralyze.

Até mais!
  

domingo, 13 de agosto de 2017

Resenhas: Dunkirk, Em Ritmo de Fuga e Planeta dos Macacos: A Guerra

Olá, pessoal!

Eu sinto como se não escrevesse nada há uns 4 meses, o que de fato é o que aconteceu, me lembro de ter escrito em alguma postagem em janeiro "que tentaria postar regularmente no blog", o que eu já quebrei completamente, por várias razões pessoais, mas agora voltei pra algumas postagens novas, tenho várias ideias para os próximos meses e vou focar mais aqui.

Com isso dito, assisti três filmes dos quais estava esperando bastante nesse ano, o primeiro foi Dunkirk, seguido de Em Ritmo de Fuga e por último o terceiro Planeta dos Macacos (dessa nova trilogia).

Então, sem muitas delongas, vamos as resenhas:

Dunkirk (2017)
Dirigido por Christopher Nolan



É engraçado ler meu artigo sobre a carreira de Christopher Nolan lá em 2014 quando Interestelar foi lançado, era o inicio do blog, com um autor bem mais inexperiente e exageradamente otimista, tem coisas bem pretensiosas e que já não me identifico mais escritas lá, mas é um bom lembrete de como eu amadureci durante esse anos.

Minhas opiniões sobre alguns filmes mudaram bastante, A Origem era meu filme favorito dele até então, mas hoje em dia mudei para O Grande Truque, após analisar mais objetivamente, o filme dos mágicos parece bem melhor construído, com uma mensagem que me toca muito mais que o filme dos sonhos.

Minha opinião sobre Interestelar continua a mesma, é um filme decente, não é tão maravilhoso quanto alguns dizem e não chega nem perto de ser tão ruim quanto outros apontam, é bem dirigido, atuado e escrito pela maior parte, mas tem erros bem visíveis e não tão fáceis de ignorar.

Agora com Dunkirk, Nolan mostra o filme mais diferente de sua carreira, sem plot twists, quase nada de exposição, apenas um espetáculo de imagem e som sobre um dos momentos mais tensos da Segunda Guerra Mundial, e sinceramente, eu não gostei tanto quanto eu gostaria.

Tecnicamente falando, Dunkirk é ótimo, e irá definitivamente apanhar alguns prêmios Oscar esse ano, a direção é espetacular, o som e efeitos visuais (na maioria práticos) são alguns dos melhores que já vi, as atuações são decentes, com veteranos como Mark Rylance e Kenneth Brannagh e novatos como Fionn Whitehead e Harry Stiles sendo sutis e expressivos ao mesmo tempo, mas eu quase não me senti apegado ao filme. É um ótimo exercício em tensão e suspense, mas a única parte que me emocionou foi o final.

A trilha sonora de Hans Zimmer é bem efetiva e foi feita sob medida para o filme, sendo bem tensa e tendo um enorme senso de urgência, mas é bem comum em comparação com outras trilhas do compositor.


A narrativa não-linear não fez muito sentido pra mim, até parece que a edição é confusa apenas pra ser, eu ouvi argumentos dizendo que era para o espectador se sentir tão desnorteado quanto os personagens do filme, mas acho que não era realmente necessário, mesmo que fosse em ordem, as revelações da história continuariam as mesmas, não é como em Amnésia onde faz todo sentido a trama ser fora de ordem.

Dunkirk é um filme centrado no evento, e não nos personagens por trás do acontecimento, me lembrou bastante de filmes como Gravidade e até mesmo Mad Max: Estrada da Fúria, mais pela questão de ter poucos diálogos e por maior parte da história ser contada através das cenas de ação.

Vendo por esse lado, eu provavelmente deveria gostar de Dunkirk, mas o filme simplesmente não me pegou. Eu ainda recomendo por ser um ótimo espetáculo visual e acredito que muitos irão amar o filme (como já estão), mas eu pessoalmente sai um pouco decepcionado do cinema.

Nota: 6,5/10




Em Ritmo de Fuga (2017)
Dirigido por Edgar Wright



Um filme bem diferente do resenhado acima, se Dunkirk é extremamente tenso, Em Ritmo de Fuga é extremamente divertido, o que já é de se esperar do diretor Egdar Wright, o mesmo de Chumbo Grosso e Scott Pilgrim Vs. O Mundo.

Na trama, Baby (Alsel Elgort) é um jovem motorista de fugas com um problema auditivo que o faz ouvir um zunido, então ele ouve música o tempo todo para abafar o zunido, ele se apaixona pela garçonete Debora (Lily James) e decide abandonar a vida criminosa, mas isso não será tão fácil quanto ele pensa, pois seu grupo tem planos diferentes pra ele.

O filme é quase um musical de certa forma, incorporando as batidas e letras da música com o cenário, nenhuma música está apenas jogada ali, todas elas fazem sentido no contexto, para dar alguns exemplos, há um cena onde Baby está caminhando até um lugar e a letra da música aparece pichada na parede, em outra cena acontece um tiroteio onde todos os tiros estão no ritmo da bateria, a direção e a edição são ótimas e usam esse estilo de formas bem criativas.

O elenco é muito bom, apesar de todos estarem fazendo papéis bem comuns de suas carreiras, Alsel Elgort é o protagonista bonitinho, Lily James é o par romântico, Kevin Spacey é o chefe criminoso, Jamie Foxx é um bandido maluco, Jon Hamm é um ex-empresário de Wall Street e Eiza Gónzalez é uma mexicana linda, ou seja, todos já fizeram esses papéis antes, o que dá certa naturalidade e familiaridade pro expectador.


As cenas de ação são muito boas (algo que o diretor já havia provado com Chumbo Grosso), usando muitas manobras reais nas perseguições, apesar de ser bem estiloso e exagerado, ele não chega no mesmo nível de exagero de um Velozes e Furiosos da vida, o que eu acho ótimo.

A trilha sonora é bem variada, raramente há um segundo de silêncio no filme, certamente vale a pena procurar todas as bandas e artistas que estão na trilha do filme, pois com algumas exceções, são canções bem obscuras, admito que reconheci poucas, minha favorita das que eu reconheci é Hocus Pocus da banda Focus, que toca em um momento bem climático do filme.


Algo que gostei foi que apesar de o roteiro não ter nada demais, era difícil prever para onde ele iria, tem muitos filmes em que dá para adivinhar toda a trama na metade, e esse tem reviravoltas inesperadas do meio pro final, essa imprevisibilidade foi um ponto bem positivo.

Os únicos pontos negativos é que o romance entre Baby e Debora é muito rápido, os dois atores tem química, mas há pouco desenvolvimento pra você acreditar que eles iriam seguir um ao outro independente do perigo, outro é que o roteiro pega muita coisa emprestada de outros filmes modernos, toda a parte de Baby ter fitas gravadas e um trauma de infância relacionado a mãe é muito semelhante a história de Starlord em Guardiões da Galáxia, e praticamente toda a plot é similar a de Drive, um garoto silencioso que é motorista de fugas e se apaixona por uma garçonete, e acaba envolvendo ela na vida de crime, é claro que o tom de ambos os filmes são bem diferentes (Drive é um suspense), mas as semelhanças são bem fortes.

Mas tirando isso, Em Ritmo de Fuga é estiloso, divertido e muito bem executado, apesar de não ser exatamente o novo clássico que alguns estão dizendo ser, ainda vale muito a pena assisti-lo.

Nota: 8/10




Planeta dos Macacos: A Guerra
Dirigido por Matt Reeves



Quando Planeta dos Macacos: A Origem foi anunciado anos atrás, pouquíssimos acreditavam que algo bom sairia (eu incluso), o marketing era bem duvidoso e tinha poucas expectativas para o filme, até que foi lançado e as criticas foram bem positivas, decidi assistir e gostei muito, mas ainda parecia faltar algo, aquela metáfora forte do filme original ainda não estava bem representada.

Então o segundo filme chegou em 2014, e foi melhor ainda, com uma mensagem mais forte e uma trama bem executada, mas ainda havia alguns problemas pequenos, e agora o terceiro filme da nova trilogia finalmente chegou aos cinemas, e como ele se sai em comparação aos anteriores?

Eu diria que Planeta dos Macacos: A Guerra é um dos melhores filmes que vi esse ano e teve um impacto muito forte em mim, algo que poucos fizeram esse ano em 2017 (Logan também está na lista).

Após o conflito do filme anterior, César e seu grupo são constantemente atacados por um exercito comandado por um coronel cruel, depois de algumas perdas fatais, César vai em busca de vingança contra os humanos, mas teme se tornar tão ruim quanto seus inimigos.

Vou começar já afirmando que esse é um dos blockbusters mais sombrios que já vi, apesar de ter a classificação 14 anos, eu não o recomendo para nenhuma criança, apesar de que foi hilário ver todas as crianças saindo traumatizadas da sessão.

O marketing do filme infelizmente não foi muito fiel ao material, o último Planeta dos Macacos não é exatamente um filme de ação, mas um drama de guerra, é praticamente um filme de holocausto, boa parte de sua duração se passa em um tipo de campo de concentração, então não vá assistir esperando uma batalha épica entre macacos e humanos, a guerra aqui se refere mais a miséria e destruição do que um combate direto.

Andy Serkis faz seu melhor trabalho como o símio líder César, e certamente deveria ser indicado a um Oscar de melhor ator, nem precisa fazer uma nova categoria para personagens digitais, o nível de expressão e drama do ator aqui já é suficiente para ser considerado em um dos prêmios principais.

É interessante ver a evolução do personagem até aqui, começando como um animal normal e lentamente ganhando consciência até chegar a figura messiânica adorada nos filmes antigos, Woody Harrelson também está ótimo como o vilão humano do filme, muito inspirado em General Kurtz de Apocalypse Now, seu personagem é odioso, mas é compreensível ao mesmo tempo.

A maior parte da trama é no ponto de vista dos macacos, o que eu achei ótimo, pois já desejava que o filme anterior fosse dessa forma, desde Westworld ano passado eu não via uma peça de ficção tão misantrópica desse jeito, e isso é um mega elogio.

Apesar disso, a trama não é tão maniqueísta quanto parece, fica claro durante a trilogia que ambos macacos e humanos podem ser bons e maus, mas no geral, os humanos são os vilões do filme, com exceção da personagem Nova, que é mostrada como uma representação da esperança, ela é naturalmente gentil e muito diferente do restante da humanidade.

Outro ponto positivo é a trilha sonora de Michael Giacchino, bem similar a trilha de Lost (que ele também compôs), as faixas são tristes, inspiradoras e emocionantes, e na minha opinião, também merecia uma indicação ao Oscar.




Minha única reclamação é que próximo do final, o filme tem algumas decisões de roteiro que achei um pouco preguiçosas, e as analogias são um pouco óbvias, só digamos que o vilão quer construir um muro e obriga os símios a fazer, não que eu discorde do ponto de vista do filme, mas eu queria algo um pouco mais sútil.

Mas isso é algo mínimo, Planeta dos Macacos: A Guerra é um ótimo filme que fecha a trilogia magistralmente, até então é meu filme favorito do ano, só se prepare para levar alguns lenços para o caso de você chorar, o que vai ser bem provável.

Nota: 10/10