Olá, pessoal.
Tenho três bandas que considero minhas favoritas, uma é a britânica Arctic Monkeys, da qual a discografia foi uma das minhas primeiras postagens. Um pouco depois escrevi sobre Foo Fighters, e na época disse ser minha banda favorita, mas atualmente mudei de ideia para outra banda que também já gostava, mas que após pensar muito sobre o assunto, cheguei a conclusão que é a definitiva, essa banda é Queens of The Stone Age.
Aproveitando o lançamento do novo álbum Villains, que acontecerá dia 25 deste mês, decidi escrever sobre a discografia da banda e terminar com a resenha do novo disco.
Vinda de Palm Desert na Califórnia, Queens of The Stone Age foi fundada por Josh Homme, que até então tinha sido o guitarrista das bandas Kyuss e Screaming Trees, em paralelo ao projeto The Desert Sessions, que pegava vários artistas para gravar músicas experimentais.
A banda Kyuss já tinha certo reconhecimento, com riffs pesados e de clima setentista, em um gênero que ficou conhecido como Stoner Rock/Desert Rock, com músicas que refletem bem o cenário em que foram gravadas.
O Queens of The Stone Age (que eu chamarei de QoTSA daqui em diante para não escrever o nome todo) seria como uma sucessora espiritual do Kyuss, só que tentando pegar um público maior, o que acabou dando bem certo.
Foi lançado um EP em 1997 chamado Kyuss/Queens of The Stone Age que é uma mistura das duas bandas, o EP tem seis faixas, as três primeiras são do Kyuss, e as três últimas são do QoTSA, uma delas é "If Only Everything", que foi regravada no primeiro álbum da banda posteriormente.
Então em 22 de setembro de 1998, o álbum homônimo foi lançado, com Josh Homme na guitarra, baixo e vocal e Alfredo Hernández na bateria, com várias participações especiais.
Queens of The Stone Age (1998)
Duração: 46:27
Regular John abre o disco mostrando exatamente o tipo de som que ouviremos pelo resto da duração, é uma ótima introdução ao estilo da banda.
Segue com Avon, que tem um riff bem reminiscente do Kyuss e a regravação de If Only, dessa vez com uma produção bem melhor e rebuscada.
You Would Know é uma viagem de ácido com um som robótico e mecânico, How to Handle a Rope tem um ótimo riff que é o mais divertido do disco, apesar da letra ser um tanto sombria (se trata de suicídio).
Mexicola e Hispanic Impressions são bem pesadas e mantém o ritmo de How to Handle a Rope, e então finalmente chegamos a minha favorita do álbum, You Can't Quit Me, Baby é espetacular, com um dos riffs de baixo mais estilosos que já ouvi, um som psicodélico pelo restante da faixa e novamente uma letra sombria, com um trecho que eu costumo repetir em loop (You're solid gold, I see you in hell) toda vez que toca.
Como se o baixo da música anterior já não fosse bom o suficiente, começa Give The Mule What He Wants com outro riff memorável.
O álbum termina com I Was a Teenage Hand Model, que é a única música que está um pouco abaixo do resto, a faixa é mais lenta e nunca cresce, não é um bom desfecho para o álbum, se encaixaria melhor na metade, talvez entre Mexicola e Hispanic Impressions.
Faixas:
1- Regular John
2- Avon
3- If Only
4- Walkin' on the Sidewalks
5- You Would Know
6- How to Handle a Rope
7 - Mexicola
8- Hispanic Impressions
9- You Can't Quit Me, Baby
10- Give the Mule what He Wants
11- I Was a Teenage Hand Model
Queens of The Stone Age é um debut exemplar, que honra o som pesado do Kyuss e apresenta os ritmos da nova banda, é uma ótima transição de estilos, mas ainda não parece ser algo próprio, isso é algo que seria aperfeiçoado no próximo álbum da banda.
Agora algumas músicas que ficaram fora do álbum e merecem uma ouvida:
Spiders and Vinegaroons
Uma ótima e atmosférica faixa instrumental, originalmente do EP Kyuss/Queens of The Stone Age que foi colocada no relançamento de 2011 do álbum.
The Bronze
These Aren't the Droids You're Looking For
Outra instrumental, deliberadamente fora de tom e um tanto irritante, vale pela menção do título, que é uma referência a Star Wars, "esses não são os dróides que você procura".
Rated R (2000)
Duração: 42:10
O primeiro disco não foi exatamente um sucesso, pois a grande maioria de quem comprou já era fã de outros trabalhos passados de Homme, foi com Rated R, lançado em 6 de junho de 2000, que a banda fez um sucesso considerável, dessa vez chamando a atenção do grande público e se tornando uma das maiores promessas do rock moderno.
O baixista do Kyuss Nick Olivieri começou a tocar na banda durante a turnê do primeiro disco, e se tornou o baixista da banda nesse álbum, Mark Lanegan do Screaming Trees também participou nos vocais, Rated R contém várias participações especiais, apenas Olivieri e Homme estão em todas as faixas.
Feel Good Hit of the Summer começa o álbum de forma energética, a letra é bem polêmica, simplesmente sendo uma lista de drogas repetida várias vezes (nicotina, valium, vicodine, marijuana ecstasy, álcool e cocaína), apesar que Homme disse ser apenas uma piada, e originalmente seria a última faixa, Rob Halford do Judas Priest faz parte dos backing vocals, mas apenas no último verso (tanto que eu nunca notei que era ele até pesquisar informações para essa postagem).
Pessoalmente eu acho que Feel Good Hit of The Summer é um comentário sobre como todas as músicas populares são feitas (à base de muitas drogas), o próprio titulo faz uma brincadeira com essa ideia, sendo o "hit do verão", além disso também é uma brincadeira ao gênero Stoner Rock, (Stoner é uma gíria para drogado) do qual a banda foi rotulada, Homme sempre disse achar esse nome idiota, e intitulou o estilo da banda como "Robot Rock".
Muitas rádios recusaram tocar a música por conta do conteúdo sobre drogas, mas ainda foi um sucesso considerável, muita por conta dessa polêmica mesmo.
Apesar de toda a discussão de Hit of the Summer, o verdadeiro grande hit do álbum foi a segunda faixa The Lost Art of Keeping a Secret, eu gosto muito do começo com aquele som de clima de mistério, o refrão é bem legal também, é uma bom pedaço de pop rock, mas não é minha favorita do disco nem de longe.
O clipe passou bastante em canais de música na época, e foi um dos primeiros singles famosos da banda.
Leg of Lamb tem um som bem interessante e diferente das duas primeiras faixas, sendo mais estranha e experimental, Auto Pilot é ótima e conta com os vocais de Nick Olivieri, o baixista geralmente canta nas faixas mais agressivas, então é surpreendente ouvi-lo numa mais leve, e funciona muito bem.
Better Living Through Chemistry é uma ótima peça experimental e conta com algum dos melhores solos de guitarra da história da banda, novamente tocando no assunto de narcóticos que permeia todo o álbum, dessa vez muito mais séria que Hit of the Summer, falando sobre os efeitos negativos.
Quick and to the Pointless volta com Nick Olivieri, dessa vez com vocais agressivos e um som bem punk, Wendy Rae Fowler da banda We Fell to Earth participa nos backing vocals, é uma faixa bem rápida, não passa nem de 2 minutos e serve mais como um intervalo, até me pergunto se o título não é uma brincadeira com isso (a tradução é rápido e para o inútil).
In the Fade é minha favorita do disco, tem um dos melhores trabalhos vocais que já ouvi, com a voz forte de Mark Lanegan em uma faixa bem triste, todos os instrumentos estão perfeitos aqui (principalmente o baixo), o refrão é incrível.
"Live till you die..."
Feel good hit of the summer toca novamente em reprise por uns 20 segundos, e Tension Head continua com a agressividade de Olivieri nos vocais e um ótimo trabalho de guitarra de Homme, Lighting Song é uma bela peça instrumental de violão.
Terminando o álbum temos I Think I Lost My Headache, que é uma representação do que acontece após usar todas as drogas da primeira faixa, é uma faixa bem sombria e um pouco assustadora, com um final feito para dar a dor de cabeça citada no título, é uma ótima conclusão para o disco no geral.
"It's all my head, i know
or so they tell me so
Until my head explodes, into my head it goes..."
Rated R foi um álbum revolucionário não somente para a banda, mas para todo cenário do rock dos anos 2000, é considerado por muitos críticos um dos melhores discos da década (o melhor para alguns), e catapultou o sucesso da banda de uma vez só, tanto que foram chamados para o Rock in Rio 2001 logo depois, tamanho o sucesso que tinham feito com Rated R, e que causou um dos casos mais engraçados e bizarros na história do Rock in Rio, quando Nick Olivieri tocou nu durante o show.
Faixas:
1. Feel Good Hit of The Summer
2. The Lost Art of Keeping a Secret
3. Leg of Lamb
4. Auto Pilot
5. Better Living Through Chemistry
6. Monster in The Parasol
7. Quick and To The Pointless
8. In The Fade
9. Feel Good Hit of The Summer (Reprise)
10. Tension Head
11. Lightning Song
12. I Think I Lost My Headache
Agora algumas músicas que ficaram fora do álbum e merecem uma ouvida:
Never Say Never
Um ótimo cover de Romeo Void, com uma repaginada mais rock n' roll.
Ode to Clarissa
Infinity
Uma das melhores da banda, feita para a trilha sonora do terrível filme Heavy Metal 2000.
Para não deixar essa postagem grande demais e carregada de vídeos, continuarei em mais duas partes, no próximo falarei sobre Songs for The Deaf e Lullabies to Paralyze.
Até mais!